sábado, 18 de setembro de 2010

Circulos Perfeitos

Sabem, no outro dia pus-me a pensar durante algum tempo e cheguei a uma conclusão: o amor é como um círculo, não tem inicio mas também não tem fim, simplesmente acontece.
Num circulo todos os pontos ficam à mesma distância do centro, não havendo altos e baixos e não há perdas de amor porque é um sistema fechado, apenas à troca de energia, não de matéria.
Depois pensei naquilo a que em tempos chamámos de nós e reparei numa coisa, nós não éramos uma circunferência, mas sim duas circunfêrencias concêntricas com raios diferentes, portanto nunca nos tocávamos, não havia intercepções, havia apenas avistamentos ao longe, partilhávamos apenas o centro.
Talvez por isso tenha ficado tanta coisa por dizer, e também tanta coisa por fazer...
Eu nunca fui capaz de desenhar um circulo perfeito, mas pelos vistos tu também não, e assim acabámos por perder tempo com tentativas estúpidas. porque o amor não se trata de pequenas palavras ridículas como 'amo-te', o amor é construido por grandes gestos. Eu bem tentei oferecer-te o meu circulo perfeito, mas não fui capaz de o desenhar...
Desculpa...

domingo, 5 de setembro de 2010

'As Unhas'

As unhas, partes do corpo que crescem desde o nascimento de um ser até à sua morte; mas devem ser cortadas ao longo deste período de tempo. Há quem goste delas mais compridas, mais curtas, pintadas ou não.
Também tu foste para mim uma unha, crescendo gradualmente até não haver mais espaço na minha cabeça, sem ser aquele que tu ocupavas; pintavas-te de cores estonteantes para desviares as atenções do teu tamanho e cor natural, parecendo alguém completamente diferente.
Um dia o teu tamanho começou a preocupar-me e decidi começar a pensar em cortar-te ou entalar-te, mas quando me apercebi já era tarde, já te tinhas cravado no meu coração e nem com as operações a que fui sujeito te conseguiram remover. Agora vives alojada no meu coração mantendo com ele uma relação de parasitismo e eu desisti de te tentar remover, por saber que se o fizer me vou provavelmente esvair em sangue.

Há feridas que só o tempo cura... e tu és a minha unha encravada.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

'O Criador'

Nos desenhos animados, os cientistas fazem as suas experiências e acabam sempre por fugir delas e as eliminar por estas se descontrolarem. Eu também fui um criador, aliás, fui O criador.
Fui eu o responsável pelo inicio daquilo que foi uma das melhores etapas da minha existência, e tal como nos desenhos animados também eu fugi e escondi-me quando as coisas começaram a ficar fora do meu controlo; a única diferença é que ao contrário dos cientistas, eu nunca fui nem serei capaz de te eliminar, por mais que eu queira não serei capaz. Em vez disso vou voltar a construir outra das minhas criações e incluir nesta um botão de auto-destruição, para que não seja eu a ter de a eliminar.
Eu criei um ser que fui moldando no meu pensamento, sublinhando as qualidades e apagando os defeitos, e tu, ilusionista como sempre foste, trocaste-me as voltas ao esconder-te por detrás desse teu sorriso que me hipnotizava e levava a crer que havia encontrado a perfeição. No entanto, era mais uma ilusão.
Enquanto andares por aí à solta, vai ser bastante difícil sair da minha carapaça rija para te eliminar; mas um dia, as tuas pilhas vão acabar e eu vou poder abandonar o meu canto para te eliminar.
No entanto, enquanto tal não se sucede, estou por aqui, no canto mais escuro do meu quarto, limpando e fazendo espaço para poder voltar a alugar o meu coração ,e anseio que esse dia chegue para poder acabar aquilo que um dia criei e poder então receber a distinção de cientista.

Quase...

Eu quase amei as tuas ideias
Eu quase amei o teu ser
Eu quase amei a forma como me enganas
Eu quase amei o facto de te ter

Eu queria ser
Alguém muito melhor
Eu queria mesmo muito merecer
Aquilo a que já chamámos de amor

Eu quase amei a forma como me olhavas quando estavas triste
Eu quase amei a forma como me fugias
Eu quase amei a forma como me vias
Eu quase ameie a forma como tu mentias...

Houve um tempo (quase) sem mentiras...

'Sonhos...'

Todas as noites quando deito a cabeça na almofada e me aconchego na cama, algo completamente novo começa. Todos os problemas diários parecem desvanecer-se enquanto que uma sensação de segurança nos invade. Penso em ti uma ultima vez, penso que estou curado e que finalmente todas as escoriações que tinha dentro do meu peito formaram crosta e preparam-se agora para desaparecer.
Tento adormecer, deixando-me envolver pela escuridão e silêncio que reinam na noite, e é aí que toda a magia começa.
Um mundo completamente novo começa agora a formar-se em frente dos meus olhos cerrados, é o mundo dos sonhos. Nos portões de entrada dão me a escolher entre vários caminhos e eu, como sempre escolho o mais fácil, aquele que se acaba por revelar o pior deles.
Sigo o caminho até à acção principal, e sonho com todo o género de coisas, desde as mais absurdas e sem sentido até às mais complexas, mas acabam todas por me levar a ti. Sacudo mentalmente a cabeça para tentar afastar tamanhos pesadelos, mas não sou eu que controlo a minha mente, alguém me expulsou para fora dela. Como eu odeio este tipo de sonhos, não posso mentir. Mas o facto de tu apareceres neles dá-lhes um ar mais escuro e grotesco.
Sonhar, sonhar é escapar para uma realidade paralela na qual todas as nossas acções e as acções alheias não têm quaisquer repercussões no mundo dito 'real'. Deixem sonhar quem quer, e deixem também existir os pesadelos, não se forcem a acordar.
Nós também tínhamos sonhos e esperanças, mas já não sei porquê, todos eles foram desfeitos, decapitados e desmembrados e colocados depois na parede, para que todo o mundo os pudesse ver. Não sei de quem foi a culpa, qual de nós se esqueceu de alimentar os nossos sonhos, mas sei que tal acabou mesmo por acontecer. Agora quero dormir, voltar a sonhar, mas desta vez, vou desejar que tu já não faças parte dos meus sonhos.

Precisa daqueles que amas, e ama aqueles de que precisas...

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

'Tempo?'

O tempo é o agente responsável pela cicatrização das feridas. É ele que levanta as peças uma a uma e aos poucos vai montando o puzzle do coração. É o tempo que trata de retirar aos poucos o sal e o sabor amargo do sangue e repõe a homeostasia do sistema, dissolve as crostas mais duras que podem ser deixadas pelo fracasso.
Quando estávamos juntos o tempo parecia correr e escapar-me por entre os dedos como se de areia fina se tratasse; agora que estás longe, os ponteiros permanecem imóveis enquanto eu olho o relógio, ousando desafiar a minha saúde mental.
Tempo, tempo para amar, tempo para dar, tempo para rir e acima de tudo tempo para chorar e esquecer...
O tempo é um recurso não renovável e uma vez utilizado não pode ser restaurado nem reposto, daí ter de ser repartido em porções e racionalizado.
Desde que nascemos, o tempo começa a contar, decrescendo e aproximando-se do fim como a areia dentro de uma ampulheta, mas tal como a ampulheta, o tempo pode ser controlado, basta virar tudo ao contrário e passamos a ter tempo para chorar e esquecer, tempo para rir e acima de tudo tempo para dar e amar.

O tempo não se compra nem se vende, adquire-se e oferece-se...

'Montanhas e Vales'

Sentei-me e olhei, olhei o mais longe que os meus olhos me permitiram e a paisagem repetia-se vezes sem conta: montanhas, vales, vales e mais montanhas e lembrei-me de ti.
Também tu foste uma vastidão em que eu tentei não me perder, mas as tuas ideias e sentimentos eram sempre os mesmos: montanhas, vales, vales e mais montanhas e lembrei-me quanto costumo enjoar em montanhas-russas. Talvez tenha sido por isso que decidi tapar os olhos e esquecer que um dia me perdi em tamanha vastidão.
Se por acaso um dia procurares bem nesse teu emaranhado sombrio a que insistes em chamar de 'coração', talvez consigas ainda ver os indícios da minha passagem por ai, engole o orgulho e olha para baixo, desce desse teu pedestal frio e procura no chão as minhas pegadas. Mas fica aqui um aviso, não as tentes seguir, porque estas não vão dar a lado nenhum.

Agora vou me levantar e esquecer as montanhas, vales, vales e mais montanhas que tenho à minha frente porque me apercebi que apesar da paisagem ser convidativa, nem sempre os caminhos que esta nos oferece são direitos e fáceis de caminhar em.

'A Corda'

Chegaste, olhaste, tiraste e levaste, mas esqueceste-te do troco. Não devias tê-lo feito pode vir a fazer-te falta. Esqueceste-te de levar esta tua corda invisível em que me amarras-te para que eu não fosse capaz de reagir. Aproveitaste-te para me drogares com esse encantamento simples e a partir daí não mais consegui desatar-me. Agora não consigo movimentar-me, não me consigo libertar sozinho, preciso que me desamarres primeiro, preciso que quebres a corrente e que me digas que afinal precisas do troco.
Sorri, sorri como sorriste para mim e chora como choraste por mim.
Não sei o que fazer, por agora vou esperando que o Sol se encarregue de lentamente apodrecer esta corda que me envolve para me poder então libertar e voltar a encher o peito de ar. Tomar uma golfada de ar gelado e mergulhar, mergulhar de regresso desse mundo de fantasia e idealismos que se revelaram tão pouco ideais para mim.

A malas já estão prontas, o meu coração vai de viagem, para onde ainda não sei mas de certeza para um lugar mais quente que aquele em que me deixaste. Olha, talvez vá com as andorinhas, elas podem saber um bom local para me acomodar e recomeçar.

Ssshhhhh Silêncio

O silêncio consegue ser bastante confrangedor e doloroso, eu olhava para o telemóvel a cada 2 minutos, sempre à espera de uma mensagem por mais curta que fosse, ou até que fosse em branco...
Sempre ouvi dizer que as águas paradas são as mais perigosas e misteriosas e era assim que eu via o teu silêncio: um mistério perigoso e um perigoso mistério.
Estou sentado à espera do Inverno, para que com a sua chegada me possa finalmente misturar com as outras pessoas e nao ser o único a sentir-se frio. Estou à espera que o relógio pare, para que possa parar de contar o tempo que levas a voltar a falar-me, o barulho dos ponteiros é ensurdecedor e delirante. É como uma música ritmada que marca a batida do coração e que nunca celera nem para, a menos que lhe faltem as pilhas. Agora quero o teu silêncio!
Sim, porque o silêncio pode também ser um bom conselheiro porque nos ensina a não falar mas sim a escutar, porque quando não há silêncio diz-se o que nao se quer ouvir e nao se ouve o que se deveria dizer. Com a chegada do Inverno vou esperar, esperar por alguem que me abrigue se começar a chover no meu coração, esperar por alguem que seja capaz de me oferer o silêncio que tu nunca foste capaz de me oferecer.

'O nevoeiro'

O nevoeiro cegava-me e eu não conseguia ver pouco mais de dois palmos à minha frente, era então difícil prever qualquer tipo de ataque, daí eu não me conseguir defender.
Pensei que não estivesses presente, pensei que me tinhas deixado ali sozinho, mas tu estavas lá. Eu é que não te conseguia ver.
Tu eras o meu nevoeiro! Aquela fina película fria e húmida que me abraçava e não me deixava ver aquilo que se aproximava ao longe. Tu impedias-me de ver, não querias que eu visse, esforçavas-te para que eu olhasse apenas para aquilo que tinha à frente dos meus olhos, e não me deixas-te deixar-me olhar o horizonte. Porque se eu tivesse tido a oportunidade de olhar ao longe, eu teria visto o que advinha e teria-me resguardado e protegido.
Houve um dia em que o nevoeiro se tornou mais espesso, o dia em que fiz as malas e carreguei o navio, mas disseram-me que o meu navio não podia sair do cais enquanto o nevoeiro não passasse; era um nevoeiro diferente, era vazio, não me dizia nada, Já não eras tu!
Então esperei pelo nevoeiro, o meu nevoeiro, mas ele não veio e eu acabei por arriscar. Agora o meu navio anda algures à deriva, fugindo a tempestades e ao nevoeiro, e tenta agora encontrar um porto seguro onde possa atracar.

Mas o nevoeiro volta sempre...

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

pH2 (ácido)

Gostava de ser alguém melhor.
Gostava de ter força para aguentar.
Gostava de já ter passado a parte pior.
Gostava de ser capaz de voltar a amar.

Gostava que tivesse durado para sempre.
Gostava às vezes de não te ter conhecido.
Gostava que estivesses muito mais presente.
Gostava de não ter nascido.

Preferia mil vezes estar contigo.
Preferia não te ter perdido.
Preferia não estar aqui sozinho.
Às vezes até preferia ter morrido.

Mas nem sempre se tem aquilo que se procura, e outras vezes andamos à procura daquilo que já temos. Como tal acabamos por não nos aperceber de que aquilo que gostamos nem sempre é o que precisamos.

'Que nem um prego à chuva'

Tal e qual como um prego deixado a enferrujar à chuva, também o coração começa a enegrecer e a mirrar com a quantidade enorme de lágrimas que é possível serem libertadas pelos nossos olhos naqueles dias em que acordamos de manhã e sentimos que algo nos falta, ou naqueles dias em que nos vamos deitar e ficamos horas a fio a olhar pela janela com esperança de nos apercebermos o que é que nos falta.
Ao inicio pensei que o que me faltava era o teu amor, e todos aqueles momentos escaldantes que passamos juntos. Mas depressa me apercebi que o que eu sentia realmente falta de era o teu toque suave nas minhas orelhas ou o cheiro doce da tua pele, ou o simples facto de saber que sempre que chegasses perto de mim eu tinha direito a um sorriso daqueles que aquecem o coração e nos fazem eriçar os pelos da nuca.
Percebi tambem que sentia falta dos momentos em que paravas minutos a olhar para mim, mesmo quando eu estava distraído e te rias baixinho com prazer em saber que me tinhas como garantido.
Senti falta sobretudo de poder olhar para as fotografias que tirávamos, porque sabia que não as devia ver. Não senti falta do teu amor! Senti sim falta de me sentir amado por alguém e do amor que eu tinha por mim próprio e tu fizeste questão em levar.
Tenho saudades...